Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Começo por dizer que, apesar do que vão ler, a seguir, (se alguém o fizer, claro) eu sou uma mulher inteligente, intelectualmente capaz, mas, como se diz, o amor é cego.
Em Junho de 1988, voltei a receber de braços abertos aquele que era o homem da minha vida. Deus e que vida... com a desculpa das filhas, ia com frequência á casa da ex. , mentia sempre, mas quando bebia, contava-me ao pormenor... até dizia que lhe deixava dinheiro em cima da mesa de cabeceira... não sei porque o faço! Dizia sempre a mesma coisa: devo ter bruxedo! É a ti que amo, és a mulher da minha vida, e chorava, e eu quebrava, e perdoava. Procurei ajuda com algumas pessoas, ditas "videntes", ouvi muitos disparates, gastei muito dinheiro, nada mudava.
Enquanto isso, engravidei, ele queria um filho homem, e eu achei, que ele mudaria se assim fosse.
Foi uma gravidez de risco, tinha 35 anos, e o ambiente não era adequado, havia muita discussões, muitas ofensas verbais. A que mais me magoou, foi uma altura em que descobri que ele continuava a estar com a ex. apesar de já estarem divorciados. Confrontei-o com a situação e ele disse : ao menos vou a mãe das minhas filhas ! Detesto mulheres prenhas!
Como chorei... e, foram tantas, que descrever tudo não seria possível.
Estava grávida de quase três meses comecei a perder sangue, fui ao hospital, estava á espera para ser atendida, quando uma senhora me disse: está nas urgências o seu filho, desfez uma mão toda!Meu Deus... pensei, outra vez não! Era o mesmo filho que alguns anos atrás tinha sido atropelado, quando a minha filha nasceu. Corri para as urgências, lá estava o meu menino, quase um homenzinho com dezassete anos. Tinha a mão com uma toalha embrulhada, não consegui ver nada. Voltou a ir para o Porto, eu fiquei, mais uma vez, não pude acompanhar o meu filho, porque estava com ameaça de aborto. O meu filho estava na altura a trabalhar numa fábrica de fiação, a tirar umas linhas deixou a mão presa nas correntes do tear. Ficou com os deditos defeituosos e falta-lhe a ponta do anelar.
O tempo foi passando e eu tive o bebé, por acaso um grande menino, nasceu com 60cm e 5,750 kg, foi visto por vários médicos de pediatria, viram os diabetes, mas não havia problemas, era só um bebé grande. Deus tinha ouvido o meu pedido... pensava eu, toda contente, agora ele muda... feliz ficou! Mas mudar não mudou, digamos que se adaptou e conseguíamos estar mais ou menos, até que...
Lá diz o velho ditado:
O QUE NASCE TORTO MORRE TORTO!
Estranho titulo, para recomeçar a minha história, de vida, mas a verdade, é que muitas vezes pensei nisso ; Tenho que aguentar, Jesus sofreu mais por nós, eu ainda vou ser feliz!
Tinha portanto trinta e três anos, quando conheci o homem que viria a ser, o homem da minha vida, o meu grande amor...
Também ele com problemas familiares, (era o que dizia) casado e com três filhas. Eu estava na altura a ajudar uma amiga que tinha um café, e o porte físico daquele homem chamava a atenção, alto, forte sem ser gordo, moreno, enfim, um pedaço de homem! Duas de treta, um dia, depois outro, um toque de dedos ao acender o cigarro... e lá bateu o coração mais rápido, e lá começamos a falar de nós! Eu carente, ele sabidão e mais vivido, com o dom da palavra, acreditei piamente no que me contava. Ou seja basicamente dizia que o casamento dele era um fracasso, que se ia separar, e por aí fora!
Eu fui conversando com ele, saímos duas vezes, estávamos nessa altura em Junho, em Setembro, bateu-me à porta com as malas. Disse que a mulher o tinha posto fora de casa. Deixei que ficasse. Não demorou a mostrar-se como era, machista, bebedor, sempre senhor da razão. Contudo eu amava-o mesmo e achei que podia mudar.Lá fui tentando compreender, ele dizia que bebia porque lhe era insuportável viver sem as filhas e eu ficava cheia de pena. Fui falar com a mulher dele, perguntei se o aceitava de volta, contei-lhe que ele estava a arruinar a saúde assim a beber, era perigoso até pela profissão que tinha (camionista). Ela, mulher de bastante frieza, (hoje sei porquê) disse:
Ele é assim, mas pelas minhas filhas eu aceito-o de volta a casa. Depois dessa conversa eu fiquei a saber que ele não ia ser repudiado pela mulher, então falei com ele, contei o que tinha feito, e disse-lhe para voltar para casa.
Foi em Outubro, disse que não, que já não conseguia viver sem mim...
O tempo ia passando e eu lá ia tentando (tenho tendência para mártir!) entender e desculpando algumas coisas, porque coitado, estava a tentar ultrapassar a ausência das filhas.
O amor que eu sentia por ele cegava-me completamente, fez-me sentir mulher completa. Aprendi aos 33 anos coisas sobre sexo que desconhecia, de mulher frígida eu não tinha nada!
Assim passaram dois meses de paixão assolapada.
Chegou assim o Natal que passou comigo e com os meus filhos, combinou-se que no Ano Novo os miúdos iriam para casa da minha irmã, nós passaríamos com alguns amigos .
No último dia de Dezembro no fim do dia, arranjou-se e disse que ia desejar um bom ano ás filhas, mas para me arranjar que não demorava. Achei bem!
Esperei, esperei muito...á meia noite bebi sozinha a garrafa de champanhe, vomitei, (habitualmente não bebo) e depois chorei o resto da noite, encostada ao vidro da janela...
Quando amanheceu, fui ver se o carro estava á porta da mulher e, claro, estava. Voltei para casa e telefonei á minha irmã para me trazer os meus filhos. Precisava ter alguém em casa tinha medo de fazer alguma asneira. Ao meio dia o cavalheiro apareceu com a filha mais nova pela mão, como se não se tivesse passado nada. Mandei-o embora.
Sofri bastante, o meu ex-marido deixou de mandar a pensão, os meus pais tinham deixado de me falar, passei um mau bocado, amava aquele homem.
Em Junho de 1988, quando saia do trabalho, ele estava á espera para falar comigo. A cabeça dizia não, o coração, dizia sim... Ganhou o coração!
Chorou, implorou, queria voltar para mim. Fiz-lhe ver que não podia andar de uma casa para a outra,que sofríamos nós, e principalmente as crianças. Depois de uma semana não resisti e ele voltou.
Tenho que dizer o que sinto neste momento ao escrever o que se passou:
Sinto-me burra! Como pode o amor cegar tanto? É que o pior está por contar!
Mas por hoje, vou só deixar aqui uma frase, que não é minha, mas faz todo o sentido:
O CORAÇÃO TEM SUAS PRISÕES, QUE A INTELIGÊNCIA NÃO ABRE.
ATÉ BREVE!
Só dei aqui uma chegadinha para deixar uns versinhos sobre o VERÃO que hoje começa, embora já se faça sentir há algum tempo.
TEMPO LINDO DE VERÃO
SOL,LUZ,FÉRIAS, MAR!
MUITO AMOR NO CORAÇÃO
ALGUM TEMPO PARA SONHAR.
TEMPO DE GRANDES PAIXÕES
PORQUE O SOL O CORPO AQUECE
QUASE SEMPRE ILUSÕES!
QUE NO INVERNO SE ESQUECE!
SEJAM FELIZES NO VERÃO
TODO O ANO SE POSSÍVEL
A TODOS TUDO DE BOM
E TENHAM UM VERÃO INCRÍVEL!
Rosinda
Hoje é dia do refugiado, dia portanto das pessoas que vêem fugidos das guerras, ou outro tipo de opressão,(digo eu) contudo não se fez dia nenhum para os "retornados",afinal também acabamos por procurar refúgio em Portugal!
Mas não faz mal, eu costumo dizer que devemos ter dias para comemorar coisas boas, más não vale a pena!
Vou continuar a falar de mim. Ano 1975, "retornada", mal casada, desempregada, sem nada, (quase) tinha dois meninos maravilhosos e estava á espera do terceiro. Tinha então 21 anos! Já era de maioridade!
Tempos difíceis...O meu marido encostou-se aos meus pais que entretanto abriram uma tasquinha, eu depois de muitas voltas, consegui um subsidio do então chamado (IARN) e com a ajuda dos Padres que nos acolheram, lá íamos sobrevivendo.
Mas o tempo ia passando, já faltava muita coisa, ia nascer mais um filho, e eu não arranjava trabalho porque estava de bebé ele acomodou-se ajudava os meus pais, comia por lá, portanto procurar trabalho para quê? Só se for na minha área de trabalho! Dizia ele. Como bons empregos não era fácil arranjar, o tempo ia passando.
Chegou a altura de nascer o bébé! Fui internada, com dois cm de dilatação, no dia 14 de Novembro, como no dia 16 o meu filho mais velho fazia 6 anos, eu pedi ao médico para ir passar o dia com o menino, uma vez que não tinha havido nenhuma alteração, deixou, e lá fui eu para a casa da minha mãe que era por detrás da tasquinha.
Meu Deus ! Ainda hoje, e já lá vão 33 anos, se me aperta o coração meu menino foi atropelado...Ia atravessar a rua para ir ao quiosque em frente, comprar cromos. Entrei em pânico, levaram-nos aos dois para o hospital. Eu queria ficar com ele mas não me deixaram!
Levaram-me para o andar da maternidade, ele foi para o serviço de urgência.Passaram algumas horas que me pareceram anos, até que uma enfermeira me veio dizer que o menino ia ser transferido para o Porto. Corri até ás urgências, não havia quem me segurasse! Quando lá cheguei o menino já estava na ambulância, mas ouvi os médicos dizerem ao motorista: vá com o máximo de velocidade possível, dentro da segurança! Essa criança está muito mal!
Não consigo descrever a dor sentida... queria ir com ele! Implorei, dizia-lhes que lá também podia ter a criança, mas não adiantou...Vi o menino ir (o pai foi com ele) não falei mais para ninguém, não me alimentava, nada me interessava, cai numa apatia, que não sei como explicar.
O meu filho esteve três dias em coma. Tinha uma hemorragia interna, não havia na altura os meios de diagnóstico que temos agora, daí demorarem a ver que era do rim esquerdo que estava magoado. Foi operado de peito e barriga abertos, tem uma cicatriz enorme, mas foi preciso para ver de onde era que perdia sangue.
Enquanto isso eu continuava no outro hospital, o trabalho de parto parou, aliás eu toda parei,só duas semanas depois, quando o meu marido me disse: O menino está fora de perigo, bebeu hoje o primeiro copo de leite! Aí sim desatei a chorar (não tinha chorado antes) a gritar até! Agradecendo a Deus por ter salvo o meu filho. Tive a minha menina a ferros nesse dia ...muito branquinha... com olhos azuis.
passaram mais três dias o meu filho ia ter alta e eu continuava no hospital, perguntei ao médico se era por causa da menina que não podia ir para casa ... ele disse que era por mim que o trauma tinha sido muito grande! Pedi para me dar alta que me sentia bem e queria estar em casa quando o meu filho chegasse, não deu, na hora das visitas, fugi do hospital, com a minha filha.Andei com ela ao colo a fazer compras para quando o irmão chegasse ter as coisitas que gostava.
Quando vi o meu filho tão magrinho... Parecia um velhinho, até tinha rugas... Fiquei com medo mas aí já achei que era normal, tinha ficado muito tempo sem comer, perdeu muito sangue, tiraram-lhe o rim, achei que agora tinha de cuidar bem dele alimentá-lo em condições, que ele ficava bem, e assim foi, Graças a Deus!
Vou continuar, dizendo que o tempo foi passando, logicamente o meu marido acabou por arranjar trabalho na profissão dele (topógrafo) eu fazia umas costuras em casa e olhava pelas crianças.
Entre muitos maus momentos, o que me magoava mais era a frieza... a indiferença da nossa relação. Acabei por ver que não conseguia amar de verdade aquele homem que era meu marido mas respeitava e tinha amizade, aquele que era pai dos meus filhos, e fui vivendo... acomodada á situação, oito anos depois tive mais uma menina, ele queria que eu abortasse, mas eu não quis era e ainda sou contra o aborto!
Assim cheguei aos trinta anos, com quatro filhos e casada á quinze!
Em 1984, o meu marido resolve voltar para Angola, trabalhar com a mesma Firma. Não quis ir! Fiquei, ele vinha todos os seis meses. Ao fim de dois anos fez-me uma imposição, ou vens comigo ou vou viver a minha vida... Era difícil tinha que deixar os meus filhos com a família , porque não havia condições lá para levá-los, mas disse que sim, ia tratar do passaporte para ir Mas depois de reflectir, e de muitos antidepressivos, pensei eu vou deixar quatro filhos que são os pilares da minha existência, para seguir um homem que não amo? E se ele me deixa e não dá o sustento aos miúdos? Eram perguntas que fazia a mim mesma, mas não via solução, qualquer das coisas era má!
Mas eu era nova, podia trabalhar e embora com mais dificuldades podia-mos viver. Assim pensando disse-lhe que não ia, que fizesse o que entendesse. Entre grandes discussões,disse-me que eu não prestava, era frígida que ia arranjar outra. Afinal já a tinha. Era uma negra , e eu fiquei mesmo sozinha, mandava dinheiro que chegasse e sobrasse mas a verdade é que eu sabia (ele dizia-me) que tinha essa mulher.
Eu um ano depois conheci outra pessoa, e apesar de já ser uma mulher, voltei a cair numa armadilha do "destino" só que desta vez amei de verdade....
E de verdade só se ama uma vez!
AI QUE DESTINO TIVE EU,
AMARGO DESDE CRIANÇA,
AI QUE SOFRIMENTO O MEU.
SOFRIMENTO SEM ESPERANÇA...
COITADINHA EU NÃO SOU,
NADA ME FOI AMPUTADO,
SOU UM SER QUE SÓ AMOU...
SEM NUNCA SENTIR-SE AMADO
Rosinda
Foi em 1974 como tinha dito anteriormente, que tivemos de regressar a Portugal. A situação em Angola ficava a cada dia mais perigosa.Em nossa casa caiu uma bomba,destruiu a cozinha, nós escondemo-nos debaixo de uma das camas ,estávamos entre dois fogos, com dois miúdos de 2 e 4 anos.
Resolvemos sair dali sempre rentes ás paredes,conseguimos chegar ao quartel da nossa tropa.
Ficamos (nós e muitas pessoas) abrigados ali durante alguns dias.Depois as coisas acalmaram um pouco, alugamos uma casa perto do quartel, e continuamos a nossa vida.
Foi sol de pouca dura!Pouco tempo sossegamos,e nessa altura sim...era de meter medo!
Várias pessoas recolhi em casa(era perto do quartel!) A comida acabou, vi gente morrer,e depois deram 24h para abandonar-mos a nossa casa.
Foi difícil, deixar tudo para trás, mas o que eu queria era sair da zona onde estava, até porque não havia outro remédio!
Fomos para Luanda, onde ainda viviam os meus pais, ainda estivemos aí uns meses, mas ficou tão perigoso que tinha-mos que voltar para a nossa terra!
Também não foi fácil, quase todos os portugueses (e não só) queriam embarcar para sair dali.
Portugal e outros Países puseram aviões a fazer carreiras de lá para cá, mas mesmo assim estivemos dois dias no aeroporto, sem comida , a não ser leite (NIDO)que fazíamos com água para nós e para as crianças.
Quando consegui embarcar foi um alívio.
O meu marido ficou, para ver se conseguia mandar por navio algumas das nossas coisas, eu só pude trazer uma mala de viagem com alguma roupa minha e dos meninos.
Quando cheguei a Lisboa, fiquei surpreendida com o caos que encontrei, era tanta gente!Nunca me passaria pela cabeça que estavam tantos portugueses em África.
Fui com os meus filhos para casa da minha sogra, como havia sido combinado. Algum tempo depois fui percebendo que em vez de sermos recebidos como gente da terra, éramos intrusos na terra que nos viu nascer.
Afinal que culpa tive eu e outros como eu do que se passou?
Só fomos ganhar a vida para uma terra que diziam ser nossa.
Não percebia, nem me interessava por política, limitava-me a trabalhar, nunca explorei ninguém!
Durante alguns tempos foi muito difícil aceitar o rotulo que nos atribuíram.
Entretanto chegou o meu marido,não tinha conseguido trazer o dinheiro das nossas poupanças, mas tinha mandado algumas coisas num navio.(chegaram passados meses toda estragadas)
Como era de prever (depressa cansa quem não enche a pança) ou seja como não tinha-mos dinheiro e (casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão) acabamos zangados com a família dele.Assim acabamos a viver num patronato (casa de padres) onde fiquei grávida outra vez,não tínhamos trabalho nem casa,e estávamos longe de ser um casal feliz...
Por agora fico por aqui,mas não vou deixar de escrever
descobri que me faz melhor que o antidepressivo!
Vou deixar aqui um poema que fiz quando tinha 14 anos!
QUERO CHORAR
NÃO TENHO LÁGRIMAS,
QUE ME ROLEM NAS FACES
PARA ME SOCORRER...
SE EU CHORA-SE...
TALVEZ DESABAFA-SE
O QUE SINTO NO PEITO
E NÃO POSSO DIZER!
ESTOU CERTA QUE O RISO
NÃO TEM NENHUM VALOR!
A LÁGRIMA SENTIDA...
É O REPARO DE UMA DOR...
E AGORA QUE JÁ TANTO CHOREI,
NÃO TENHO LÁGRIMAS...
E SOFREREI...
ATÉ BREVE!
Continuando a história da minha vida, fui para Angola em 1971. As condições eram péssimas, ao saber que estava grávida outra vez, fiquei um bocado desesperada, mas aceitei a vontade de Deus. Dois meses depois, o meu marido influenciado pelo meu pai (na altura vivia-mos na casa dos meus pais) mas também pelo mau feitio dele, tivemos uma discussão muito grande, bateu-me tanto na cabeça (com medo de aleijar o bebé )a raiva era tanta que não chorei, só quando olhei para o espelho e vi o meu rosto tão inchado que fiquei com medo de ficar aleijada, então sim, comecei a gritar e a correr pelo mato dentro, até cair exausta no chão. Encontraram-me horas depois.
Adoeci, não comia tinha um cansaço tão grande que não saia da cama, levaram-me ao médico, estava com uma hepatite A ,disse o médico que devia ser sistema nervoso pelo que se tinha passado.Foi complicado por causa da gravidez, comecei a ficar com medo que o bébé nascesse com problemas.
Graças a Deus não tive mais problemas de saúde durante a gravidez . Nasceu de parto natural,era mais um menino, e assim aos 18 anos fui mãe pela segunda vez .
Era apenas uma criança, mas ninguém se lembrava disso.
Passava o tempo e eu tentava ser perfeita, como mãe e dona de casa, á espera de receber algum mérito por isso, mas tal não acontecia.
O tempo foi passando , entre zangas e choro de bebé ,eu lá ia andando, e fiz dos meus filhos a razão da minha existência.
Em 1974 (nunca mais vou esquecer o ano) estava a vestir-me para ir trabalhar ,ao sentir as calças roçar nas coxas tive uma sensação estranha no corpo. estranha, mas muito boa...Não sabia o que era, mas foi tão agradável que resolvi falar com o meu marido sobre o assunto. Ele disse-me então que, eu devia ter tido um orgasmo! Não sabia o que era, e ele também não perdeu tempo a explicar.
Mas a natureza é muito forte e eu fui procurando no meu corpo a repetição do prazer sentido. Assim, descobri aos 20 anos e mãe de dois filhos o prazer do corpo.
Era uma "MULHER". Acontecia por essa altura , o 25 de Abril, dia da LIBERDADE.
Voltarei para falar do regresso a Portugal e das dificuldades encontradas na nossa
terra, pelo facto de sermos "RETORNADOS".
ANGOLA TERRA TÃO BELA...
TODOS DIZEM AFINAL!
TU ÉS BELA, MUITO BELA!
MAS EU AMO PORTUGAL!
TERRA DO MEU CORAÇÃO!
TERRA LINDA E COLORIDA,
GENTE POBRE, MAS FELIZ,
TERRA NOBRE O MEU PAÍS!
TERRA DE FADO SENTIDO...
COMO UMA ALMA GEMENDO...
E QUE COM ESSE GEMIDO,
MOSTRA QUANDO ESTÁ SOFRENDO.
TERRA DE LINDA MARESIA
TERRA DE LINDO LUAR...
TERRA DE MUITA ALEGRIA!
ONDE O BEIJO SABE A MAR...
TERRA DE POVO TÃO POBRE,
DE TÃO GRANDE DIGNIDADE!
TEMOS O QUE NINGUÉM TEM,
ESTA PALAVRA: "SAUDADE".
Como disse anteriormente, casei em Nov. de 1969, com 15 anos . Entretanto os meus pais , minha irmã e o meu irmão, este bastante mais novo, nasceu tinha eu 15 e a minha irmã 14 quando ele nasceu, foram para Angola , mais uma vez lá ia a família sempre com o meu pai para onde ele fosse trabalhar. Desta vez eu fiquei , mas como no Alentejo tinha acabado a barragem ,o meu marido não querendo ir para Angola, foi trabalhar para Lisboa e eu fui com ele.
Casada à dias e sem conhecer ninguém....Fui morar para uma cidade tão grande ..... Era uma criança assustada, fiquei grávida não sabia nada da vida ,até que conheci uma senhora, vizinha, com quarenta e tal anos,chamava-se MARIA DE OLIVEIRA, e embora não querendo ser identificada , se alguém da família dela me reconhecer através do nome dela não importa, porque devo muito a essa senhora! Foi ela que me ensinou a ver a vida como ela é, e me deu conhecimentos, para eu poder tratar do meu filho, quando ele nasceu.
Ajudou-me a cuidar do bebé, a manter a casa e as roupas organizadas....enfim ....a ser uma boa dona de casa. Ajudou-me também quando levei o primeiro estalo do meu marido.....
O bebé não dormia.... ele queria descansar ! Bateu no menino e eu zanguei-me e mandei-o á merda! O bebé tinha 3 meses.....O certo é que levei também! Mas com a paciência que ia arranjando e com a ajuda da D.MARIA lá me ia aguentando, até porque tinha o meu filho, o meu primeiro pilar, para ir aguentando a vida......
Estávamos em finais de 1970 ,o meu filho tinha 11mese ,os meus pais escrevem, para nós ir-mos para Angola, e fomos .Mal eu sabia que levava um filho de colo e outro na barriga!
Continuava a ser apenas uma criança de 16 anos, transformada em ,mulher,á força....
Fiquei a saber só passado um mês, depois de chegar ao lugar onde fomos morar no meio do mato , onde para ir ao médico tinha que ser num machimbonbo(espécie de autocarro em ponto pequeno).....Mas por hoje fico por aqui, vou continuar a escrever ,até porque de alguma forma , acho que me faz bem ....
Não sei se alguém um dia vai ler a minha historia, triste mas autentica! Se alguém o fizer eu só espero que aprendam alguma coisa , de longe quero inspirar pena, porque apesar de tudo há sempre uma história pior que a nossa e eu AMO A VIDA!!
DEDICO ESTES VERSOS Á MINHA AVÓ ISAURA , MINHA SAUDOSA AVÓ
ESTAS ERAM AS FLORES PREFERIDAS DELA. AMORES PERFEITOS, ASSIM LHE CHAMAVA
SÓ LEMBRO DE AMOR E CARINHO,
VINDO DUM ROSTO VELHINHO
OLHOS AZUIS DA COR DO MAR
PELE BRANCA COMO LINHO
DEU-ME TODO O SEU CARINHO
SÓ ELA ME SOUBE AMAR
AMAR COM TANTO CARINHO
AMAR ASSIM DOCEMENTE ...
PARA O CÉU LHE MANDO UM BEIJINHO
SOU-LHE GRATA ETERNAMENTE.
MINHA AVÓ SEMPRE QUISESTE
UM DIA ME VER FELIZ
FIZESTE O QUE PUDESTE
MAS DEUS ASSIM NÃO O QUIS...
Rosinda
ONIX como todos sabem é uma pedra da origem do quartzo muito apreciada na Índia onde acreditam que os protege contra as bruxarias e os maus olhados. Acreditando nisso, eu já devia ter uma dessas pedras há muito tempo, pois a minha vida tem sido tão desditosa...mas acho que nem uma montanha de pedras da sorte, resolve os nossos problemas. Contudo gosto bastante do aspecto da dita pedra ! Que é negra,como a noite e como alguns dos meus pesadelos reais. Queria escolher FÉNIX, pássaro místico que ressurge das cinzas, triunfante! Mas já alguém escolheu antes de mim! Por isso esta escolha.
Um dos meus versinhos:
Triste alma a minha,
Triste e tão sombria.
Anda tão sozinha,
Não encontra o dia...
Tristeza infinita,
Saudades sem fim...
Minha alma grita
Saudades de tudo,
Saudades de todos,
Saudades de mim...
Rosinda