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O frio que vem de dentro

por Rosinda, em 24.10.10

 

 

 

Conta-se que seis homens ficaram presos numa caverna por causa de uma avalanche de neve.
Teriam que esperar até ao amanhecer para receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam. Eles sabiam que se o fogo se apagasse todos morreriam de frio antes que o dia clareasse. Chegou a hora de cada um colocar a sua lenha na fogueira: era a única maneira de poderem sobreviver.
O primeiro homem era racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura. Então, raciocinou consigo mesmo: "Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro". E guardou-a protegendo-a dos olhares dos demais. O segundo homem era um rico avarento. Estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu um homem da montanha que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele calculava o valor da sua lenha e, enquanto sonhava com o seu lucro, pensou: "Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso? Nem pensar".
O terceiro homem era negro. Seus olhos faiscavam de ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou de resignação que o sofrimento ensina.
Seu pensamento era muito prático: "É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem". E guardou  as suas lenhas com cuidado. O quarto homem era um pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Este pensou: "Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar a minha lenha."
O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas, nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com as suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil. O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido. "Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos gravetos".
Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira  cobriu -se de cinzas e, finalmente apagou.
Ao alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram à caverna encontraram seis cadáveres congelados, cada qual agarrado a um feixe de
lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse:
"O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro".

(Autor desconhecido)


Não deixe que o frio que vem de dentro o mate.
Abra o seu coração e ajude a aquecer aqueles que o rodeiam.
Não permita que as brasas da esperança se apaguem, nem que a fogueira do optimismo se transforme em cinzas.
Contribua com seu graveto de amor e aumente a chama da vida onde quer que esteja.

 

Uma boa semana para todos.

Rosinda

 

 

 

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publicado às 20:13


19 comentários

De Rosinda a 25.10.2010 às 12:24

Bom dia Diana! O meu sorriso alargou com o teu comentário... "esse" poder de ler o que não está escrito, é também sinonimo de querer ver mais além, se estivermos atentos, assim conhecemos melhor os outros e a nós. Nunca seremos seres completos, falta sempre algo. Pobres dos que julgam tudo saber e usam muitas vezes o Eu em vez do Nós.
Quanto mais tempo passa, mais serena fico, mas mais tenho necessidade de SER.
Um beijo e um abraço para ti.
Rosinda

De Diana Vinagre a 25.10.2010 às 12:38

Nós nascemos completos e perfeitos, é no processo de viver que nos vamos tendo medos e desenvolvendo defeitos, a maioria das vezes impostos por terceiros...
Gosto que seja há falta de gente que consiga ser|

Beijo grande

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"O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela." (Fernando Pessoa)


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