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O AMOR E A LOUCURA

por Rosinda, em 25.01.10

 

                                            Contam que uma vez todos os sentimentos e qualidades dos homens se reuniram  num lugar da terra. Quando o ABORRECIMENTO  reclamou pela terceira vez, a LOUCURA, como sempre tão louca,  propôs-lhes:
- Vamos brincar ao esconde-esconde?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada e a CURIOSIDADE, sem poder conter-se, perguntou:
- Esconde-esconde? O que  é isso?
- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem. Quando eu terminar de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo, da próxima vez que nós jogarmos.

O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.
A alegria deu tantos saltos que acabou por convencer a DÚVIDA e até mesmo a APATIA, que nunca se interessava por nada. Mas nem todos quiseram participar:
A VERDADE preferiu não esconder-se. Para quê, se no final todos a encontravam? A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto (no fundo, o que a incomodava era que a ideia não tivesse sido dela) e a COVARDIA preferiu não arriscar-se.
- Um, dois, três, quatro - Começou a contar a LOUCURA.

A primeira a esconder-se foi a PRESSA, que, como sempre, caiu atrás da primeira pedra do caminho. A FÉ subiu ao céu e a INVEJA  escondeu-se atrás da sombra do TRIUNFO, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir para copa da árvore mais alta.

A GENEROSIDADE quase não conseguia esconder-se pois, cada local que encontrava, lhe parecia maravilhoso para algum de seus amigos:
Se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA, se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ, se era o vão de uma borboleta, o melhor para a VOLÚPIA. Se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE. E assim acabou por se esconder  num raio de sol.

O EGOÍSMO, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cómodo, mas apenas para ele.
A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris) e a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões. O ESQUECIMENTO, não me recordo onde se escondeu, mas isso não é o mais importante.

Quando a LOUCURA estava lá pelo 999.999, o AMOR ainda não tinha encontrado um sítio para se esconder, pois todos já estavam ocupados, até que encontrou um roseiral e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre as suas flores.
- Um milhão!!!!!! Contou a LOUCURA e começou a busca.
A primeira a aparecer foi a PRESSA apenas a três passos, atrás de uma pedra. Depois, ouviu a FÉ a conversar com Deus, no céu, Sentiu vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões.

Em descuido, encontrou a INVEJA e claro, pode deduzir onde estava o TRIUNFO. O EGOÍSMO, não teve  que procurá-lo. Ele sozinho saiu disparado do seu esconderijo que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, sentiu sede e ao aproximar-se de um lago, descobriu a BELEZA. A DÚVIDA foi mais fácil ainda, pois encontrou-a sentada sobre uma cerca sem decidir de que lado se esconderia. E assim foi encontrando  todos.

O TALENTO entre a erva fresca, a ANGÚSTIA  numa cova escura, a MENTIRA atrás do arco-íris (mentira, estava no fundo do oceano) e até o ESQUECIMENTO, a quem já se havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde. Apenas o AMOR não aparecia em nenhum lugar.

A LOUCURA procurou atrás de cada árvore,  debaixo de cada rocha do planeta e em cima das montanhas. Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral. Pegou uma forquilha e começou a mover os ramos, quase no mesmo instante, ouviu-se um doloroso grito.
Os espinhos tinham ferido o AMOR nos olhos. A LOUCURA não sabia o que fazer para se desculpar. Chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia. O AMOR, então, concordou com o oferecimento da LOUCURA e, desde que pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na terra, O AMOR é cego e a LOUCURA anda sempre a acompanha-lo.
"Quem não ama demais, não ama o bastante"

(autor desconhecido).

 Rosinda

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publicado às 21:31


"O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela." (Fernando Pessoa)


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