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Nasceu a 22 Novembro de 1976. Devia ter nascido no início do mês, mas recusou-se fazê-lo. Eu fui internada no hospital no dia 12, para ser vigiada.
No dia 14 o meu Alexandre fazia seis anos e eu pedi para ir passar esse dia com a família. Saí do hospital de manhã e teria que estar de volta até às 21 horas. Fui para casa da minha mãe, onde estavam meus dois filhos e meu marido.
O dia correu normalmente, festejamos o aniversário do Alexandre e estávamos contentes.
No fim da tarde deitei-me um pouco, estava cansada. Os meus filhos brincavam em casa com o tio David, meu irmão, que fazia só dois anos de diferença na idade. Mas...a vida tem tido muitos mas... e nesse dia eu sofri um duro golpe. O Alex. resolveu sair disparado para a rua, para comprar "cromos" e caiu no meio da estrada. Ao levantar-se, foi colhido por um carro e arrastado cerca de cinquenta metros. Eu fui acordada pelo meu irmão, que me gritava: O Xana morreu!
Não chorei, apenas não queria acreditar... quando o vi dizem que uivei como animal ferido de morte, não me lembro.
Fomos os dois para o hospital. Alguém me afastou dele enquanto era assistido. Só me levaram a vê-lo, para me despedir dele... ia para o Hospital de S. João no Porto. Estava inanimado e eu só me lembro de ouvir o médico dizer ao condutor da ambulância: Vão com o máximo de velocidade possível, a criança está muito mal.. ouvi a sirene e nada mais... entrei em estado de choque.
O bebé não nascia e eu não tinha vontade de nada a não ser ver o meu menino. Foi uma semana terrível. O meu filho esteve em coma três dias.
Foi depois operado e tiraram-lhe um rim que tinha sido desfeito. Descrever todo o meu sofrimento é impossível. Mas dizia a todos que sabia que ele se salvaria. Tinha uma Fé enorme... mas tinha um medo maior ainda.
Fizera-me o parto à força e a minha menina, nasceu a ferros e ventosa e com uma enfermeira de joelhos na minha barriga. Ainda hoje penso como sobreviveu a tal coisa... ela e eu...!
Deus tinha-me dado a sonhada menina, linda... lourinha e também de olhos azuis, mais claros que os do irmão. Gordinha como todos os meus bebés.
Entretanto eu soube que o meu filho estava fora de perigo e tinha bebido o primeiro copo de leite. Pela primeira vez desde o acidente, chorei ...
chorei muito...! Uma filha nascia e o meu filho renascia! Graças a Deus!
Passou muito tempo, o Alexandre ficou bem e apesar de ter perdido um rim, festejou quarenta anos no passado dia 14 e a minha filha a quem chamei Maria em homenagem à Virgem Nossa Senhora e Glória que é o nome de minha mãe, festeja amanhã 34 anos.
Hoje talvez porque estou como o tempo...(chuvoso) lembrei todo este mau bocado. Mas lembrei também um velho ditado; "Atrás da tempestade vem a bonança". Amanhã, darte-ei os parabéns, minha filha.
Hoje apenas lembrei que, a bem aventurança de ser mãe, foi o melhor que me aconteceu na vida.
E hoje eu vi este arco-íris aqui da minha janela... Há muito que não via nenhum. Mas há sempre um arco-íris quando chove...
Rosinda
A chuva cai, suave de mansinho e eu lembro de quando era criança. Como eu gostava de sair para a rua e sentir a chuva picar-me o rosto. Molhar-me os cabelos grandes que depois abanava , sacudindo a cabeça. Lembro minha mãe a ralhar; Maria! Vais ficar doente...
Talvez se o fizesse agora ficasse doente, mas nessa altura era jovem, cheia de saúde.
Esta noite dormi muito pouco. A chuva com seu murmurar suave, fez-me companhia. Farta de estar na cama , levante-me e vim para o meu cantinho. Sentada na minha confortável cadeira, deixei-me estar calmamente e continuei a ouvir a chuva que ainda cai lá fora. O cesto dos papeis contem demasiados pacotes de tabaco vazios, ando realmente a fumar demais, pensei.
Na noite anterior a esta, minha mãe descompensou completamente, ligou-me várias vezes durante a noite, crises medonhas de pânico fazem-na acreditar que a querem matar no hospital. Ontem a esta hora estava eu a caminho do hospital para tentar que se acalmasse. Não consegui...
Recusava os medicamentos e os alimentos. Depois de vista pelo médico, lá conseguiram que ela deixasse aplicar a injecção e tomasse o resto. Comer, mal comeu. Já rebentou três pontos com tanta agitação e tem a parte superior da perna completamente negra. Ontem disse-nos que ia morrer à meia noite se não assinarmos o termo de responsabilidade para sair do hospital. Gostava de poder ter passado a noite com ela, mas não é permitido. Telefonou-me por volta da onze horas de ontem ; Não tenho nem vestígios de sono ... disse. Mas já não falou da morte. Esta noite foi longa para mim. Espero que hoje ela esteja melhor.
É verdade que tudo isto são coisas normais, o fim da caminhada talvez se aproxime e deveríamos aceitar naturalmente o fim da vida. Mas isso são palavras, as tais palavras bonitas... mas que se distanciam muito da realidade. Porque a realidade é que sofremos quando sentimos que estamos perto de perder quem amamos e ninguém está preparado, por muito que tente.
Chove lá fora e chove no meu coração.
Rosinda
PARA TODOS OS MEUS AMIGOS , EM ESPECIAL PARA A SINDARIN, POR QUEM NUTRO UM CARINHO MUITO ESPECIAL, FOI UMA SITUAÇÃO ESTRANHA O QUE NO INICIO NOS ACONTECEU, MAS ESCLARECIDAS AS COISAS DESCOBRI UM CORAÇÃO DE OURO. TENHO TAMBÉM UMA AMIGA QUE DESDE O INICIO ME COMENTA MESMO SEM TER BLOG, A **MARIA**
ESTÃO TODOS NO MEU CORAÇÃO ...
PODEM LEVAR...! É NEGRO SÓ DE ASPECTO, GARANTO QUE É COR DAS ROSAS COM QUE ASSINALO OS MEUS POSTS.